Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
VIAGENS DE ANTONIO MIRANDA PELO BRASIL

Foto: Almécegas 

 

ALTO PARAISO - CHAPADA DOS VEADEIROS

17 A 19/11/2003

 

“Alto Paraíso de Goiás é uma cidade na Chapada dos Veadeiros, conhecida como um dos principais pontos de acesso ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. É um destino popular para ecoturismo e turismo de aventura, com diversas atrações naturais como cachoeiras, cânions e mirantes. “
Extraído do GOOGLE..

 

Jane Carreira é artista plástica, formada pela Universidade de Brasília. Há mais de 10 anos que ela vive no Moinho, uma comunidade nos arredores da cidade goiana de Alto Paraíso, junto à Chapada dos Veadeiros. Leva uma vida de retiro voluntário, algo mística — mais porra-louca do que ideológica — depois que o casamento fracassou. Mas não fica por lá o tempo todo: viaja com frequência ao Rio de Janeiro e a Brasília, onde passa temporadas e até já alugou um quartinho no centro da cidade de Alto Paraíso para facilitar a sua vida quando decide participar de festas e eventos culturais, pois não tem condução própria e não há transporte público para o Moinho. Costuma percorrer os mais de 10 km a pé ou depender de caronas que são escassas.

Eu a conheci há menos de 5 anos, por intermédio de Zenilton Gayoso, que era colega dela no curso de Artes Plásticas e, numa das viagens à região, hospedamo-nos em casa dela. Acabei transformando-a em personagem de meu livro “Horizonte Cerrado”, em que ela conserva sua história de vida, idiosincrasia, crenças e valores, mas vive uma aventura amorosa imaginária. Ela gostou muito da experiência de converter-se em personagem de uma novela e promoveu, através de amigos, um lançamento do livro na Pizzaria Oca Lila, que é uma espécie de centro cultural da cidade, com exposição de obras de arte, artesanato, revelação de músicos da região, ponto de encontro.

Aceitei o convite com muito entusiasmo, pelo desejo de revê-la e de viver uma dimensão diferente de minhas relações com o público.
Fui de carro com o Nildo e o Zenilton foi de ônibus. Encontramo-nos, quase na mesma hora de chegada, na rodoviária. Jane estava com a amiga Jasmim, uma figura realmente incomum: veterinária mas, na verdade, vive mais como guia turística e como curandeira. É voluntária de uma brigada de apaga-fogo no cerrado. Pessoa inteligente, afável, muito interessante. Como compõe um tipo humano diferente, já apareceu em foto num livro sobre a região e em matérias jornalísticas da TV Globo. Gaúcha da fronteira, ganha algum dinheiro cuidando dos animais em casa, mas deve encontrar o seu sustento em qualquer tipo de trabalho, além de dedicar boa parte de seu tempo à meditação e ao voluntarismo, sem maiores planos de vida.
Jane queria que ficássemos hospedados no quartinho que ela aluga no centro da cidade. Não havia espaço para todos nós nem colchonetes para isso — apesar da insistência dela. Havíamos levado roupa-de-cama. Optamos por alojar-nos no Hotel Nunes, local bastante modesto, mas limpo e seguro.

Na noite de sexta-feira em que chegamos, fomos jantar na Pizzaria 2000, na avenida principal, e terminamos a noite num bar-danceteria, para ouvir uma banda bastante afinada e ficamos “balançando o esqueleto” no exíguo salão até o início da madrugada. Caminhamos abraçados pelas ruas cêntricas, reconhecendo lugares.
Alto Paraíso estava um tanto vazia, com pouquíssimos turistas, lojas vazias, restaurantes fechados, casas em construção paradas, um certo ar de desânimo. E a crise que estamos vivendo que bateu muito forte por lá.
Não obstante, a atmosfera da urbe é magnânima, com uma população muito especial, figuras excepcionais, realmente fora do “normal” se comparados aos parâmetros convencionais.  Artistas, artesãos, religiosos, místicos numa sincretude cultural à margem dos comportamentos burgueses.
Na manhã do sábado fomos à chácara da Jane buscar umas telas dela para uma exposição na Oca Lila. Acabei comprando uma delas, ostentando um lagarto em cores berrantes, trabalho muito interessante.

Continuamos na trilha de terras além do Moinho até ao Solarion, onde estão as cachoeiras Anjos e Arcanjos.
A região é exuberante, de mata densa, muito úmida nesta época do ano, com as montanhas ao fundo.
O caminho é difícil de subir. O acesso à cachoeira dos Arcanjos, só com o apoio de uma corda. À dos Anjos não deu para ir porque a chuva que caía, ainda que rala, havia inundado o acesso.
A cachoeira visitada — a dos Arcanjos, mais acima, não era das mais espetaculares, mas valeu a visita.

Éramos os únicos aventureiros naquele dia. A água muito escura, devido à decomposição de folhagens e minerais da área.

Almoçamos num restaurante self-service de um gaúcho: comida muito boa e variada, com algumas iguarias incomuns e, em seguida, fomos para os estúdios (na verdade, apenas uma salinha acanhada e um equipamento primitivo de transmissão) da rádio comunitária. Tínhamos uma entrevista com o Paquito, um radialista voluntário que também é cantor. De noite, um bate-papo muito simpático sobre o livro Horizonte Cerrado, com a participação da Jane, na condição de personagem, na tentativa de atrair público para o evento na Oca Lila.

Saímos dali (sem a Jane, que ficou cuidando de seus afazeres) na direção da BR, na direção de Cavalcante, onde o Zenilton queria fotografar o habitat de Dychia baunii, que é endêmica, para um artigo que está escrevendo.
O local é peculiar por causa dos detritos de pedras brancas, cristalinas, na parte mais alta do platô.  As dyckias sofreram com os últimos incêndios, mas nesta época, com as chuvas, estão reidratando-se.
Como as tardes na Primavera têm luz solar até mais tarde, sobretudo por causa do povoado São Jorge, nas imediações da estrada do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
São mais 30 km de terra batida, mas a paisagem é magnífica por causa dos montes e vales.

 
Entramos no Vale da Lua para fotografar os conjuntos de Dychia sp que abundam sobre as pedras, na descida para as “crateras lunares” do leito do traiçoeiro rio (quando chove nas cabeceiras pode provocar enchentes súbitas e provocar mortes aos banhistas).
Foi a primeira vez que encontramos uma dyckia — espécie de bromélia  suculenta, verde clara, com poucos espinhos junto às inflorescências. Muita sorte a nossa porque ela floresce apenas no final do inverno, na estação mais seca.

Foto: Almécegas


Nildo ficou entusiasmado com as formações rochosas e bizarras, pelas covas subterrâneas até ao fundo de um dos poços. Deve ser uma sensação impressionante, fora de minhas atuais cogitações.  Bastei-me com fotografá-la à distância.

 

De noite teve lugar o “lançamento” do livro “Horizonte Cerrado” na Oca da Lila. Começou muito tarde, depois das 10 da noite, com a animação do cantor Paquito e do quarteto de músicos que acompanhavam-no e a seu parceiro Ubirajara Júnior — o grupo “Colírio e Óculos Escuros”. Estavam tomando as imagens finais para um videoclipe de promoção do novo CD, para o canal MTV.

Dei notícia ao público do conteúdo da obra, Jane relatou a experiência de ser personagem viva de uma novela de ficção e distribuiu exemplares de minhas obras recentes aos interessados.     
Estava na expectativa da chegada de minha amiga Lourdes Planas, que ficou de aparecer com a sobrinha. Ela foi do corpo diplomático da Embaixada da Venezuela e agora mora em São Paulo.  Elas não apareceram e, depois do jantar, fomos para a boate Obas, nas proximidades, para dançar. Além de Jane, do Nildo e do Zenilton, acompanhando-nos Jassmim, vestida com uma indumentária fantasiosa e intrigante, nada convencional, com uma espécie de roldo de pano, à maneira de um turbecléatante, compondo um tipo muito impactante.
O local da festa era muito rústico, apesar da modernidade das luzes da pista de dança. O repertório muito eclético, variando do techno ao forró, do gosto da garotada e dos mais velhos.

Deixamos a Jane e a Jassmin às 2 da manhã, ainda muito animadas, pois elas são dessas que ficam até o sol raiar...
No domingo pela manhã, soubemos que a bolsa da Jane havia sido roubada com as chaves do quarto dela, e com o pouco dinheiro que portava...
A manhã foi toda para conversar com as nossas anfitriãs. Jassmin fez uma sessão de terapia “Vela Hopi” no Nildo, com tubos feitos de gaze revestidas com cera de própolis e alecrim e outros óleos de plantas medicinais. A vela introduzida no ouvido e ao corpo enquanto derretia a vela, sugando a cera do ouvido do paciente.
Em seguida ao almoço tomamos o caminho de volta numa rodada só, sem parar sequer para beber água. Fazia muito calor, com as nuvens de chuva.


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar